#FILMOTECA# - "Dogville" (2003)

in #filmoteca6 years ago (edited)

Fonte: Divulgação (Pinterest)

Sinopse: O cenário está elegantemente decorado para criar um ambiente de cidade pequena na qual uma misteriosa mulher chamada Grace se esconde de criminais que a perseguem. A cidade se dispõe a refugiar Grace desde que ela faça valer o seu esforço. Ela trabalha duro para várias pessoas da cidade para obter seus favores. A tensão cresce e a situação de Grace como forasteira provoca o desprezo e o abuso dos moradores.

Quem conhece o trabalho do diretor Lars von Trier sabe o estilo que ele costuma seguir. Sejam referente as escolhas de suas histórias ou ao seu método de trabalhar há uma opinião quase unânime de que ele é muito controlador e até certo ponto "carrasco" na condução dos seus trabalhos. Buscando sempre o melhor a partir de temáticas ousadas e impactantes, ele não perde a linha (e costuma sempre agradar aos fãs)... E Dogville é mais um exemplo desses acertos "inusitados".

Fonte: Divulgação (Rotten Tomatoes)

Trier é responsável pela transposição de uma peça de teatro filmada para a telona. Em virtude disso, ele usa e abusa de takes incomuns em suas filmagens tradicionais, e apresenta inovações nesse aspecto que agradam até quem não é muito fã do trabalho dele. Há um cuidado estético no trato das cenas (com uma atmosfera nebulosa na maior parte do tempo e figurinos de época caprichados), em como a trama é desenvolvida e principalmente em como cada ato é encerrado (porque o filme é separado por blocos, dando o tempo necessário para o telespectador poder digerir cada situação).

O roteiro é competente e ousado, tocando em temas diversos e muito importantes (não vou mencionar precisamente quais são eles porque seria uma baita spoiler). Embora um pouco longo (sem uma necessidade real para isso), consegue segurar a atenção do público de uma maneira inteira e considerando que o filme inteiro é uma encenação teatral filmada, manter os olhos vidrados na trama - sem causar longos momentos de monotonia - é um mérito que deve ser destacado no trabalho do Trier (que também é responsável pela assinatura das páginas).

Fonte: Divulgação (Off Screen)

Chega até a ser um pouco perturbadora a maneira como o público vai sendo inserido dentro da narrativa (e nesse ponto, é possível perceber o quanto Trier prima por uma abordagem desafiadora, que coloca em evidência toda a qualidade que ele consegue extrair do elenco... que por sinal, é ótimo!) e a medida em que o filme vai se desenvolvendo e se intensificando em suas ações, o público se vê diante de uma história mais complexa do que inicialmente se apresenta.

O trabalho da parte técnica (em especial, o trabalho realizado pela edição de cenas) é muito eficiente em conseguir mesclar os acontecimentos e ligar as pontas-chaves bloco a bloco de uma forma dinâmica e que garante o interesse por parte de quem está assistindo. A trilha sonora também é muito eficaz porque funciona muito bem em momentos pontuais da trama, dessa forma, enaltecendo a qualidade do filme como um todo.

Fonte: Divulgação (European Film Awards)

Falando especificamente do elenco, Nicole Kidman está a frente de uma trupe de atores que merece aplausos. Obviamente que o spotlight é ela (que faz jus a esse destaque porque a atuação dela está simplesmente fenomenal!), mas todos os atores estão muito bem na pele de seus respectivos personagens (que aliás, são partes extremamente interessantes da história porque eles conseguem ser complexos e ao mesmo tempo misteriosos... sendo desvendados por camadas, vão aumentando o interesse do telespectador em saber o que vai acontecer com cada um deles).

Por fim, vale mencionar a fotografia... Não é um aspecto de embasbacar, mas é algo tão bem pensado e tão bem cuidado em sua simplicidade, que é impossível falar desse filme e não tocar nesse ponto (a maneira como a combinação das cores dos cenários parece ter sido escolhida a dedo, tamanha é a conformidade entre os cenários).

Fonte: Divulgação (Real Nobody)

Dogville apresenta um dos desfechos mais tensos, surpreendentes e polêmicos da carreira do Trier. Muito diferente de tudo o que ele já fez até então, ele presenteia o seu público com uma trama diferente e envolvente que é muito bem arquitetada, mostrando que ele faz jus a fama de "maldoso" que ele carrega nos bastidores de Hollywood.

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Parabéns, seu post foi selecionado pelo projeto Brazilian Power, cuja meta é incentivar a criação de mais conteúdo de qualidade, conectando a comunidade brasileira e melhorando as recompensas no Steemit. Obrigado!

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Um dos meus filmes preferidos. Sempre recomendo.

Recentemente assisti Manderlay, que é a continuação dessa história, e agora aguardo Washington que é a parte final dessa trilogia.

Com previsão para 2020, mas não confirmada.

Nossa, que ótimo então! Eu achei que o Trier já tinha abandonado o final dessa trilogia. Valeu pelo update, @vempromundo.

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