#FILMOTECA# - "De Onde Eu Te Vejo" (2016)

in #filmoteca5 years ago

Fonte: Divulgação (Cine Click)

Sinopse: Após 20 anos de casamento, Ana Lúcia e Fábio decidem se separar. Além do problema conjugal, eles também enfrentam uma crise no trabalho e a mudança da filha para outra cidade. Com todas essas mudanças, eles precisam aprender a viver uma nova realidade e reinventar o amor.

Tratar de relacionamentos amorosos é sempre uma narrativa que pela própria natureza é desafiadoramente complexa. Mas, espalhados pelos quatro canto do mundo, não faltam filmes que tentam mostrar - sob diversas óticas - como esse sentimento indecifrável pode ser enxergado. Dito isso, existem os acertos, os erros e aqueles os que ficam pelo caminho (alternando entre momentos bons e ruins, mas oferecendo uma boa experiência)... Felizmente, De Onde Eu Te Vejo ocupa uma sólida permanência no primeiro grupo.

Fonte: Divulgação (Academia Brasileira de Cinema)

A foco do filme está todo voltado para a não mais existente relação de casal entre Ana Lúcia e Fábio. Com uma abordagem bem diferenciada sobre o tema (incluindo a quebra da quarta parece... que é quando algum personagem conversa diretamente com o público através da tela do cinema/tv), o diretor Luiz Villaça trabalha com liberdade (e muita qualidade) para oferecer ao público diversos caminhos sobre como interpretar a história que ele está firmemente dirigindo.

Nenhum dos outros argumentos que ajudam a construir a história do filme (e olha que eles não são poucos, heim?!) consegue desvirtuar a atenção do telespectador para os conflitos que um amor mal resolvido consegue desencadear. Isso não é necessariamente um mal sinal, afinal, os outros problemas que orbitam o centro de tudo se mostram bem eficientes em suas funções complicadoras... Ou seja, eles existem para dinamizar ainda mais a trama sem faze com que a mesma se perca do longo da sua projeção.

Fonte: Divulgação (VEJA / SP)

Quanto mais a narrativa se consolida, mais o público se torna parte da história do casal (quase como se fosse parte da família ou algum amigo mais próximo). A construção dos personagens é tão real e marcante, que nos primeiros minutos é impossível não comprar o drama do casal (ou ex-casal). A interação entre Denise Fraga e Domingos Montagner sempre rouba a cena... Afinal, o filme é sobre a história deles e eles fazem jus a isso entregando ótimas performances que soam de forma extremamente natural, através de uma química evidente aos olhos de quem os vê contracenando.

O roteiro trabalha com muito afinco todas as inseguranças, receios e até alguns medos mais profundos (que se mostram - à primeira vista - algo mais obscuro do que se pode imaginar) que moram dentro de Ana Lúcia e Fábio. Seus dilemas e conflitos em relação a encarar uma nova realidade separados são constantemente colocados à prova através de situações do cotidiano que acabam tendo um impacto muito grande em seus próximos movimentos. São situações simples que muitas vezes eles não valorizam como deveriam e só se dão conta disso quando é "tarde demais" para reverter o resultado.

Fonte: Divulgação (Café & Cinema)

Entre risos, frustrações, amor e lágrimas o público se vê em meio a uma mistura de sentimentos onde os personagens alternam constantemente entre o que eles querem e o que eles realmente precisam. A solução para o problema deles pode parecer lógica para quem assiste ao filme... Mas analisar a história pelo lado de fora é sempre mais fácil, uma vez que, quem sente está no meio do "fogo cruzado" não sabe realmente como agir e tende a inclusive, a não agir como de costume.

Uma história madura sobre términos e possíveis reconciliações, que colocam frente à frente personagens da vida real, com histórias tangíveis (sem aquela glamourização da sétima arte) e que tem nas suas qualidades técnicas (com destaque para a trilha sonora e para a fotografia porque ambos os elementos técnicos são explorados com exatidão e fazem as cenas crescerem aos olhos do público de uma maneira bonita de se ver) o material necessário para se converter em um filme que corre fora da curva dos clichês.

Fonte: Divulgação (Globo Filmes)

Considerando apenas os exemplares brasileiros que seguem esse gênero (que na verdade é uma ótima mistura de romance, drama e comédia), De Onde Eu Te Vejo é uma proposta consistente de mostrar o amor na vida adulta... Enfim, o filme é uma daquelas gratas surpresas que nos faz renovar (ainda que de forma meio tímida... porque, infelizmente, a balança ainda não é positiva) a esperança no cinema nacional.

Sort:  

@wiseagent, sou suspeita ao falar sobre esta "comédia romântica", porque para mim, Denise Fraga e Domingos são protagonistas adoráveis. E o cômico é uma separação, apenas por prédios, uma rua, pois acordavam-se propagando "bom dia", através das janelas...Continuavam da mesma forma, até as ideias organizarem-se e voltarem ao antigo e longo amor...rsrs

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