Livro “Rápido e devagar” ajuda entender suas intuições

Um dos mais importantes pensadores da contemporaneidade, o psicólogo e ganhador do Prêmio Nobel de Economia Daniel Kahneman detalha em seu livro Rápido e devagar: duas formas de pensar as influências das impressões intuitivas das nossas tomadas de decisão.

Eleito um dos melhores livros de 2011 pelo New York Times, o texto tem potencial para impactar várias áreas de estudo e relacionamento profissional ou pessoal. Dividido em cinco partes, a obra traz inúmeros exemplos práticos de estudos e pesquisas do autor para esclarecer a forma como as pessoas agem diante das suas escolhas ou avaliações.

Para isso, Kahneman faz uma grande análise da mente humana, dividindo-a em dois eus. Os personagens fictícios são denominados de Sistema 1 e Sistema 2. O primeiro deles é mais rápido, intuitivo e emocional, já o segundo é lento e lógico.

Baseado nesse pensamento, o autor revela vários tipos de comportamentos, como estamos ou não aptos a moldar nossos julgamentos ou prever situações, além de outros exemplos, entre eles o efeito da confiança excessiva ou as aversões às perdas. Outra análise interessante é sobre o conflito de interesses entre nossas experiências e recordações.

Muitos dos exemplos, por vezes, parecem óbvios. São situações em que já refletimos ou pelo menos vivenciamos sem dar tanta importância. Outras questões inquietantes, mais discrepantes, apresentadas são para evocar um efeito de causa e reação diante de eventos menos prováveis.

Independente do cenário, a melhor percepção discutida é em relação às nossas possíveis deturpações da realidade, por ele, definidas, como efeito halo ou “o que você vê é tudo o que há” (WYSIATI, na sigla em inglês). Ou seja, o quanto podemos ser influenciados por estereótipos ou especificidades de situações. A consequência dessas avaliações são erros sistemáticos recorrentes. Tudo isso eu simplificaria em um simples ditado popular: “quem vê cara, não vê coração”.

Para contornar esses e outros problemas desagradáveis de erros de intuição, o autor dá algumas dicas, mesmo que em boa parte dos casos seja impossível ter uma postura racional em vez de passional, afinal de contas somos movidos por subjetividade. Obviamente, isso não significa que devemos ficar sujeitos a uma única forma de pensar.

Ao término de cada capítulo, o autor reúne algumas frases apropriadas ao nosso cotidiano para resumir de forma mais prática todas as explicações anteriormente dadas. Essa é mais um forma de tornar a leitura proveitosa e envolvente.

Mesmo assim, particularmente, não consegui me apaixonar pelo livro como esperava diante de tantas avaliações positivas. Não vou dizer que seja um texto ruim, isso seria descabível. De qualquer forma, apesar de ser uma leitura acessível e fácil, considerei cansativa para mim. Essa é a minha opinião, com certeza deve representar a minoria. Por isso, também digo que vale a pena tentar a leitura.

Título original: Thinking, fast and slow
Autor: Daniel Kahneman
Páginas: 608
Editora: Objetiva

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