#BIBLIOTECA# - "Nove Desconhecidos" (2018)

Na busca por melhorias de ordens internas e também por uma maior e mais forte conexão pessoal (processos que envolvem, por exemplo... desintoxicação, emagrecimento e relaxamento), nove pessoas hospedam-se em um luxuoso resort que promete lhes reabilitar - a todo custo - a saúde física e mental após uma breve temporada de 10 dias.

Tudo acontece com o planejamento, a implementação e aplicação de técnicas "revolucionárias" que são mantidas a rigor de confidencialidade (requisito fundamental para ser aceito), para que o local mantenha a sua exclusividade nesse tipo de tratamento (que abrange qualquer tipo de indivíduo e seus respectivos problemas).

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Os personagens que compõe essa trama peculiar com um ar bem sinistro (tudo envolto a problemas da vida real mesclado com pitadas de surrealidade) pertencem a diversas vertentes. Dentre os "fantasmas" que eles enfrentam, alguns bem consistentes e que se convergem são: traição, depressão, vícios, divórcio, luto, relacionamentos abusivos, decadência profissional (e amorosa), rejeição ao próprio corpo e abandono familiar.

Todos eles compartilham do tão sonhado objetivo, que é deixar o resort completamente limpos de todos esses elementos tóxicos que os rondam. No entanto, eles não fazem a mínima ideia do que, de fato lhes reserva, o local comandado a mãos de ferro por Martha (dona da conhecida Tranquillum House)... Uma mulher totalmente dedicada a esse projeto após viver uma experiência de quase morte).

Os tratamentos aos quais eles são submetidos não são nada ortodoxos (e esse é um tema que gera uma boa controvérsia em meio a leitura). Mas uma vez dentro do resort, os pacientes não tem outra alternativa a não ser tornarem-se cobaias de experimentos que por mais benéficos que possam parecer em sua essência (tudo aquilo que está descrito em cada processo metodológico), escondem intenções que não são nada agradáveis.

No geral, faltou um pouco mais de ousadia na abordagem da premissa principal (que por sinal, é muito boa... mas ficou muito coesa e introvertida na maior parte da narrativa). O começo de tudo é meio lento e isso gera uma grande expectativa, algo que naturalmente seria bom... Mas como a mesma não se torna realidade logo vem um sentimento de frustração, mas que é positivamente revertido ao final do terceiro ato.

Embora um tanto quanto previsível e sem muitas surpresas, o livro tem um ritmo interessante - embora às vezes bem preguiçoso - e ainda que por vezes sejam bem caricato na formação de seus personagens (que claramente são excessivos e relativamente mal desenvolvidos), consegue ser interessante por conseguir despertar questionamentos a respeito dos temas que imprime em suas páginas por ir jogando elementos que germinam ao longo da trama como sementes que demandam uma maior atenção por parte do leitor.

Liane Moriarty (autora do sucesso Big Little Lies) não estava em seu momento mais inspirador quando escreveu esse livro, mas no geral, não é um trabalho descartável por que em meio a obviedade da trama (bem como uma amarga extensão desnecessária... afinal, são 464 páginas que se resumem em uma ambição narrativa que não se concretiza) nota-se o esforço de Moriaty em oferecer aos seus leitores um bom exercício de escrita que, basicamente, concentra-se em uma bomba relógio criada pelos vários problemas concentrados na alta quantidade de personagens.

Sendo a pergunta principal (e que rege toda à trama do livro): O que vai acontecer com cada pessoa quando tudo explodir dentro do resort?