#FILMOTECA# - "47 Meters Down" | "Medo Profundo" (2017)

Sinopse: Durante uma viagem ao México, duas irmãs Lisa e Kate, decidem aventurar-se num mergulho para observar os tubarões, mas tudo corre terrivelmente mal quando o cabo que prendia a jaula de observação ao barco se parte e ambas ficam presas no fundo do oceano a 47 metros de profundidade.

Um dos cenários mais ricos e que mais está propício a contar histórias que podem gerar ótimos resultados - tudo a depender do poder da criatividade que estiver envolvido na ideia - é o mar (principalmente a parte submersa, ou seja, a sua profundeza). Enigmático, desafiador, hipnotizador e de certa forma poético, esse cenário tem sempre um potencial de tornar-se incrivelmente belo e destrutivo em fração de segundos... E foi apoiado nesses aspectos que Medo Profundo foi construído.

Fone: Divulgação (Cosmopolitan)

Johannes Roberts dirige o longa de uma forma que oferece ao espectador um poder de imersão ao fundo do mar sob uma perspectiva de balançar os nervos. Depois que passa todo o deslumbramento das irmãs com relação ao local (que é realmente lindo e mostra um capricho por parte da equipe responsável pelos takes das locações, bem como o notável trabalho realizado pela fotografia) e o acidente acontece, é como se o próprio filme se tornar-se uma jaula para quem o está assistindo.

Aliado ao competente trabalho de direção está um roteiro com uma premissa simples (e até já muito trabalhada em filmes anteriores), mas que ao longo do seu desenvolvimento constrói a sua própria identidade. Diferenciando-se de muitos outros filmes parecidos, aqui é possível ficar realmente inquieto com o drama vivenciado pelas irmãs. O clima sempre tenso deixa o espectador sem saber o que esperar e ao mesmo tempo, consegue criar uma conexão que transcende a tela.

Fone: Divulgação (Chicago Cinema Circuit)

Mostrando-se uma boa escolha (com destaques para Mandy Moore e Claire Holt, o elenco trabalha em conformidade para estabelecer o clima pesado que precisava pairar na execução história. Os personagens não são inovadores, mas algumas de suas atitudes sim... Porque o que eles tentam fazer para resolver o problema (afinal, "escalar" 47 metros embaixo d'água sob essas circunstâncias requer muito sangue frio, criatividade e determinação) não é visto todos os dias em filmes que seguem a mesma linha.

O fundo do mar é explorado com habilidade e muitos desses momentos são contemplados com toques estéticos e jogos de câmera bem estilosos (deixando a experiência ainda mais interessante quando o trabalho de iluminação ganha espaço e cria momentos extras de pavor). Uma "expedição" marítima cria-se diante dos olhos do espectador e o filme transforma-se em uma viagem submersa onde é impossível prever o que vai acontecer no minuto seguinte.

Fone: Divulgação (The Australian)

Contando com um trabalho de edição de cenas bem feito (onde as junções dos acontecimentos corroboram entre si para amarrar a história de uma maneira onde o dinamismo não seja perdido), uma trilha sonora que pontua de forma muito positiva o filme como um todo (garantindo um gás adicional para manter o ritmo da trama ainda mais atrativo) e efeitos especiais convincentes... O planejamento e a execução da trama são trabalhados de uma forma bem assertiva.

Dentro do universo de filmes que colocam o rei dos mares como a maior ameaça de suas histórias, esse filme torna-se um exemplar que mostra muito bem como a coisa deve ser feita : tirando o tubarão da posição de uma "mera" ameaça baseada em argumentos estúpidos... para desenvolvê-lo - e colocá-lo em um patamar onde a sua ferocidade tem um sentido real para ser libertada.

Fone: Divulgação (Killing Time)

Medo Profundo é um filme muito eficiente e mergulha de cabeça nessa onda revolta de suspense e tensão, tornando-se uma grata surpresa para os fãs dessa temática. Dessa forma, garante uma ótima experiência cinematográfica - com muitos toques claustrofóbicos, diga-se de passagem - que segura, naturalmente, a atenção do público até a última cena.