#BOX DE SÉRIES# - "La Femme Nikita" (1997-2001)

Sinopse: No lugar errado e na hora errada, a jovem Nikita é uma sem-teto que acaba presenciando a morte de um policial. Erroneamente, ela acaba sendo recrutada pelas autoridades uma organização antiterrorista (que desempenha atividades ultrassecretas fora do radar oficial do governo) por ter sido confundida com uma assassina..

Nikita, filme do diretor francês Luc Besson, é o material que serviu de inspiração para essa série canadense que mescla com muita inteligência o drama, o suspense dentro do complexo e agitado mundo da espionagem mundial. O ponto-zero é uma protagonista que se encontra está muito confusa sobre a sua situação atual e que ao começar a fazer parte desse mundo, questiona-se sobre os motivos que a levaram a integrar aquela equipe.

Presa por um crime que ela não cometeu, Nikita (Peta Wilson) é condenada a prisão perpétua. Mas, ao ser recrutada pela organização secreta Seção Um (que forja o seu suicídio), ela começa a ser treinada para se tornar uma das armas mais poderosas na luta contra os atos de terrorismo que ameaçam o país. O treinamento dela dura cerca de dois 2 anos, e dentre os seus pontos mais altos estão: a tática no uso de diversos tipos de armamentos, a sua expertise com relação as artes marciais e a utilização da própria beleza / corpo como arma de sedução e letalidade mortal.

O mundo dos espiões é cheio de rotas para que os roteiristas possam trabalhar de forma abrangente (e sem dúvidas, de formas criativas). Histórias não faltam, e a série deixa isso bem claro ao diversificar ao máximo os arcos que são estabelecidos para que as situações aconteçam e criem vários ganchos que levem um episódio ao próximo episódios... Garantindo com essa ótica narrativa, o interesse do espectador em acompanhar as aventuras de Nikita pelo mundo.

A temática dos episódios sempre reservam algo além do que consegue ir além do esperado... Logo, uma missão não é apenas mais uma missão, porque sempre acaba restando uma ponta solta para impulsionar os próximos acontecimentos. Os roteiros usam e abusam de narrativas bem pensadas e ramificadas (algumas delas, inclusive, apresentam uma complexidade bem instigante que em momentos pontuais tornam-se em pontos épicos para à trama), da criação de ótimos personagens e do uso de ótimos cenários que são ainda mais bem utilizados quando aliados ao trabalho de fotografia (que é muito bom!).

O foco da série é voltado para o mundo da espionagem, então espera-se que à trama apresente uma atmosfera fria e calculista... De fato, essas duas características estão presentes, mas acima delas existe muita humanidade ao longo dos episódios. Nikita é uma personagem que inicialmente reluta em matar os seus alvos (sejam eles culpados ou inocentes), e ao invés de eliminá-los de forma permanente, ela opta por outros caminhos que os anulem ao ponto dela conseguir realizar as suas missões (evitando assim, que a agência tome medidas drásticas sobre o seu destino... que em medida extrema - caso ela falhe em alguma atividade que lhe seja atribuída, sente-se no direito de matá-la).

Esse dilema que a protagonista enfrenta é o drama mais recorrente com o qual ela tem que lidar, porque além de executar as suas missões, ela precisa manter a nova identidade em sigilo a todo custo e essa dualidade de perfis - a essência do ser vs. a realidade imposta pela agência - lhe causa infinitos questionamentos acerca dos seus valores morais e éticos. Esses dilemas evoluem de conflitos iniciais para elementos essenciais na construção da história da série (e ganham mais fidelidade pela boa atuação do elenco).

A medida em que as temporadas avançam, a narrativa vai se aprofundando em desenvolvimentos mais complexos e que colocam questões ainda mais humanas como base para a estabelecer o norte dos episódios. A ação se intensifica, os aspectos técnicos tornam-se mais apurados e o teor explosivo da série fica mais alto e mais dinâmico (e torna-se ainda melhor porque o trabalho que é feito pela direção - que inicialmente é bom, mas fica devendo alguma coisa - cresce demais ao explorar as histórias de forma mais ampla, com um sentido mais urgente deixando a sensação de tensão cada vez mais presente).

Criada por Joel Surnow e co-produzida pelos estúdios Warner Bros. e pela Firestone Entertinament, La Femme Nikita foi uma das séries de TV mais assistidas em suas duas primeiras temporadas (o que lhe garantiu de forma mais facilitada uma distribuição mundial, não apenas pelo sucesso de público... mas também pelo sucesso de crítica) e uma das mais influentes, com ares precursores em relação ao processo de criação relacionados a várias séries que posteriormente trabalhariam com base na mesma temática.

No total, a série teve 5 temporadas e 96 episódios.