Não me destruam estas obras de arte!
Fotos: Pulsaraberto
Foi o que eu pensei, quando ouvi o gelo quebrar adiante e depois mais perto, à medida que um miúdo ia sucumbindo à tentação de destruir a superfície das poças congeladas.
Se bem que eu estava quase pronto.
Tinha saído para passear e dei comigo a descobrir, em recantos quase invisíveis de um descampado no centro de Hamburgo, um mundo incrível.
A natureza surpreende sempre com novos padrões e estruturas, com enquadramentos de formas e cores que deixariam Kandisky a pensar como é que eu não pintei isto!
E, nas condições certas, o gelo é a natureza verdadeiramente inspirada.
Por isso passei uma eternidade em poses estranhas e marrecas, debruçado sobre o chão, com cuidado para não criar a menor racha nsuperfície que fotografava.
E estava a fotografar a última poça quando aquele vilão disfarçado de miúdo se aproximou, os pés colidindo com o solo como armas a serem preparadas para disparar (enfim, mais tarde também eu encontraria gozo em pisar o gelo). Ele devia estar mesmo obsecado com a sua missão, porque o simples facto de eu estar ali de objetiva apontada ao chão não o desmotivou.
Mas eu disse-lhe - „Esta ainda não“!