O desenvolvimento do modo de produção capitalista. Final. #Filosofia-Política

in #pt5 years ago

Com toda a contextualização feita nos textos anteriores podemos chegar à seguinte conclusão. O modelo liberal foi o precursor de diversas crises no capitalismo, logo após surgiu o modelo keynesiano que trouxe mudanças e melhorias e na sequência, estamos inseridos em um modelo neoliberal, que já nos dá indícios de desgaste e fracasso com menos de 50 anos de vigência, é aquele papo, se eu fizer sempre a mesma coisa, obterei sempre o mesmo resultado, isso é história. Aqui cabe uma pergunta, se estava bom por que mudou?


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Para responder essa pergunta é necessário fazer uma breve análise desses modelos e inserir um novo dado na tabela, a abrangência. Analisando o modelo liberal de livre mercado, percebemos que durante aquele período histórico, a abrangência do modo de desenvolvimento capitalista era nacional, ou seja, havia o capitalismo selvagem inglês, estadunidense, francês, etc.
 
Podemos dizer que o estado de bem-estar social “humanizou” o capitalismo ou até que o “domesticou”, mas também, sua abrangência era nacional, ou seja, o estado de bem-estar inglês humanizou o capitalismo inglês e assim sucessivamente.
 
Aqui começam a ocorrer mudanças na abrangência já que a grande concentração de renda por parte da burguesia foi estagnada, é nesse período onde as indústrias iniciam o processo de exploração do mercado mundial, tornando a abrangência global, dessa forma finalizamos a tabela assim:
 

CronologiaRev. Indust. até déc. de 20/30 séc. XX30/40 até 70/8080/90 até hoje
ModeloLiberalBem-estar SocialNeoliberalismo
OrientaçãoLivre MercadoLivre Mercado c/ Interv. EstatalLivre Mercado
Fund. TeóricaAdam SmithJohn M. KeynesF. Hayek e M. Friedman
AbrangênciaNacionalNacionalGlobal

 
É nessa época do estado de bem-estar social que diversas indústrias começam a explorar os países subdesenvolvidos da América Latina, Ásia e África, não precisamos ir muito longe, basta olhar a história do nosso país, é nesta época que surge a indústria automotiva no Brasil, Coca-Cola, Mc Donald’s e tantas outras empresas expressivamente capitalistas.
 
A intenção dessas empresas e indústrias não era exclusivamente a exploração de um novo mercado, mas a fuga de novas taxações, pois nesses países subdesenvolvidos as leis trabalhistas eram fracas, os sindicatos também, ou seja, havia pouca força contra a exploração precária da mão de obra. As indústrias poderiam facilmente fazer lobby com os governos ou até a sonegação de impostos era totalmente facilitada, pois o controle estatal era mínimo.
 
É justamente nessa época que surgem os grandes clichês do capitalismo, na verdade prefiro usar o termo falácias, mas é aqui que surge a ideia do “sonho americano”, “no capitalismo qualquer pessoa pode ficar rica” e outros do tipo. Essas falácias surgem prioritariamente no Hemisfério Norte, pois lá realmente havia essa sensação de melhorias com o estado de bem-estar social e são continuadas em países subdesenvolvidos, pois em sua grande maioria eram países com economias basadas na agricultura e a industrialização trouxe mais empregos, causando uma falsa sensação de melhorias.
 
Não há nessa época apenas a globalização dos modos de produção, mas também uma globalização financeira e monetária, essa última alavancada principalmente pela tecnologia.
 
Enfim, estes modelos liberais remetem à falsa sensação de liberdade e independência financeira, porém, nada mais são do que pura concentração de renda por parte da burguesia mundial que constitui uma autocracia econômica, citada no primeiro texto. Os políticos atuais percebendo isso também querem ganhar o seu e criam meios para perpetuar essa autocracia mesmo que o sistema político seja democrático.
 
Quem hoje em dia pensar ser totalmente livre por estar inserido em um estado liberal muito se engana, está inserido em um modelo liberal econômico que apenas privilegia os detentores do capital, ou seja, de qualquer modo um Estado inchado, mas que agora não mais trabalha em prol da sociedade, apenas de um pequeno grupo seleto de pessoas.
 
Respondendo aquela pergunta lá do início deste texto: “por que mudaram o estado de bem-estar social se estava indo bem? Pois bem, podemos dizer que esse modelo não morreu de morte natural como o liberalismo, ele foi suprimido forçosamente, é uma ação que estamos vivendo em “tempo real” com o único intuito de concentração de capital.
 
Vale aqui finalizar com uma ressalva, muito se debate acerca de Keynes, se era de direita ou de esquerda, quando digo debate, digo debate acadêmico pautado em estatísticas e teorias, não debates do senso comum baseado em “achismos” do tipo “Keynes era comunista poque queria um Estado inchado” ou que “Keynes era um socialista arrependido que viu que o socialismo era inviável”, não, falo de debates sérios e produtivos.
 
Claro que houve uma melhoria para a classe trabalhadora nesse modelo, isso é fato, aliás, houve melhorias em todas as áreas ligadas ao social, mas um detalhe é que, se não surgisse o modelo de bem-estar social àquela época, no auge da crise iniciada em 1929, quem teria morrido seria o capitalismo, pois bem, na verdade Keynes não salvou a classe trabalhadora, mas sim, o modo de produção capitalista dando continuidade aos ganhos excessivos por parte da burguesia.

PARTE I: O desenvolvimento do modo de produção capitalista – Parte 01.
PARTE II: O desenvolvimento do modo de produção capitalista. – Parte 02.
PARTE III: O desenvolvimento do modo de produção capitalista. – Parte 03.
PARTE IV: O desenvolvimento do modo de produção capitalista. – Parte 04.
PARTE V: O desenvolvimento do modo de produção capitalista. – Parte 05.
PARTE VI: O desenvolvimento do modo de produção capitalista. – Parte 06.

REFERÊNCIAS

PIKETTY, Thomas. O Capital no Século XXI. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2014.
HOBSBAWM, Eric J. A Era das Revoluções 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.


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